(Pseudoplatystoma
corruscans)
O pintado é um dos maiores peixes do Pantanal. Quando atinge entre 70 e
80 cm é considerado adulto,ocorre sobretudo no leito principal dos rios e
corixos, embora possa ser encontrado em lagoas e áreas inundadas na época das
cheias e realiza longas migrações rio acima na época da seca, acompanhando os
cardumes de curimbatás (seu principal alimento nessa época), para desovar nas
cabeceiras entre dezembro e fevereiro.
O pintado é um peixe da família dos bagres e tem
característica bem peculiar, com a cabeça longa e achatada que ocupa
praticamente um terço do tamanho do corpo , tem a coloração que vai do cinza
escuro até uma parte bem esbranquiçada em toda extensão do abdômen, com pintas
bem definidas em forma de bolinhas negras por todo o corpo.
Em se tratando de água doce é considerado um peixe de grande
porte, podendo chegar nas bacias do são Francisco até 90 kg, já na bacia do
prata e pantanal chega a pesar 50 kg, pode ter
hábitos diurnos mas é mais ativo durante a noite, extremamente carnívoro
se alimenta basicamente de qualquer
peixe pequeno dando preferência aos piaus, curimatãs ,túviras e traíras.
Durante o dia repousa em poços e lugares mais profundos, e a
noite fica ativo a procura de alimento,
costuma ficar também em águas correntosas em regiões de pedreiras e freqüenta
lugares onde a cardumes de peixes pequenos.
O pintado possui a boca grande , os dentes são tão pequenos
que formam uma espécie de lixa bem grosa
que lhe proporciona segurar com firmeza suas presas para posteriormente
engoli-las inteiras ,por ser um peixe da família dos bagres, ataca suas presas
com uma espécie de sucção onde ao localizar um peixe pequeno ele cria um vácuo
sugando-o para dentro da boca, usa grandes barbilhões que possuem sensores
sensíveis ao toque que funciona como uma segunda e poderosa visão, o que lhe
proporciona encontrar alimentos mesmo nas águas mais profundas e sujas.
A carne do pintado é muito saborosa , praticamente sem espinhas
, a sua estrutura corporal é de aproximadamente 60% de carne pura , carne esta
que rende pratos excepcionais, como o famoso filé de pintado ou as moquecas,
sem contar os ensopados das cabeças que muitos o tem aqui no pantanal como
afrodisíaco. Este é um dos motivos que o torna um dos peixes mais procurados
pelos pescadores e por restaurantes , fazendo com que seja muito valorizado
comercialmente, ocasionando a pesca
ilegal e indiscriminada quem vem dizimando esta espécie em vários rios do
Brasil, mesmo no pantanal e suas cidades como aqui em Cáceres o kg do pintado chega a custar de 10 a 20
reais dependendo da época e volume de capturas.
Nos últimos anos o pintado tem sido tão pescado e abatido
nos rios pantaneiros, que a população esta diminuindo significativamente ,
tornando extremamente rara as capturas de grandes exemplares .
Este peixe é um atrativo a parte para pesca esportiva, cada
10 entre 10 pescadores que vêem ao pantanal , querem fisgar um grande pintado,
sendo muito comuns capturas na faixa de 8 a 10 kg, e com um pouco mais de sorte
alguns são presenteados com exemplares
com mais de 35 kg e mais de um
metro e meio de tamanho, já vi exemplar de 54 kg capturado aqui no pantanal,
mas são casos extremamente raros, sendo o maior que já peguei aqui em Cáceres
com 45 kg e um 1,40 metros de comprimento.
As formas mais eficazes para capturar os pintados, depende
muito das épocas em que se vai pescar, um fator determinante que rege o sucesso
das pescarias no rio Paraguai depende do nível das águas, sendo mais fácil de
pegar os grandes em época de vazante onde se encontram grandes concentrações de
pequenos peixes que retornam ao rio
depois do período de cheia, outros bons pontos são as corredeiras de pedras
onde pintados e dourados dividem espaços e alimentos, no período de seca as
chances de pegar um grande pintado se volta para os poços profundos que
por o rio estar baixo os grandes peixes
tendem a procurar águas mais profundas.
Nas vazantes se usa o modalidade de rodada, onde se
arremessa a isca nas margens onde estão acontecendo as investidas em peixes
menores e deixar a isca passar perto dos pintados que dificilmente deixarão
passar uma bela isca a sua frente, é talvez a maneira mais prazerosa de pescar
pintados.
Na seca pode-se rodar em cima dos poços, mas o mais indicado
é apoitar o barco e jogar a isca com um
chumbo pesado para mante-la dentro do poço e esperar o ataque, conhecida como
pesca de espera, esta modalidade também é comum para a pesca do jau, peixe este
que iremos falar em outro texto .
Muitos pescadores insistem em usar linhas muito finas para
pesca de pintados, ato que mais tarde sempre acaba em decepção, por eventuais
arrebentamentos, uma linha de boa qualidade e que agüenta bem são as de
multi-filamento, mas pouco indicadas por mim para pesca no rio Paraguai , pelo
fato de ser um rio com muitos troncos e galhadas no fundo ocasionando muitas
enroscadas e esta linha é extremamente difícil de se romper trazendo muita
perca de tempo sem contar com o perigo de manuseá-la para retirar do enrosco.
Molinetes e Carretilhas são as melhores opções com varas de
30 a 60 lb em media de 1,60 a 1,80 metros.
Para pesca de rodada o ideal é usar linhas de nylon de 0,50
a 0,60 mm isso para o rio Paraguai na região de Cáceres, linha esta que com um
pouco de habilidade é possível tirar pintado de qualquer tamanho , os
anzóis variam entre 6 e 8 /0, com um
distorcedor e cabo de aço flexível de 20 cm para deixar que a isca viva consiga
fazer movimentos mais perto do natural possível.
Para pesca apoidata(
barco preso por uma espécie de âncora) os equipamentos podem ser os mesmos de
rodada só que com um chumbo para manter a isca presa ao fundo .
A pesca de corrico com iscas artificiais de profundidade é
bem eficaz em algumas regiões, principalmente na argentina, nesta modalidade o
peixe sempre é fisgado por partes do corpo pela garatéia da isca artificial,dizem
por La que o pintado bate na isca com o rabo para mata-la e depois comer, esta
informação no meu ponto de vista é totalmente incorreta e falsa, levando em
consideração que o pintado é um peixe predador e por ser um bagre, usa os
barbilhões para detectar a presa e a abocanha por sucção e da total preferência as iscas bem
vivas que estão em pleno movimento. Na verdade o que ocorre é que quando se
currica com iscas artificiais de fundo, a isca vem varrendo o fundo do rio e
como os guias já conhecem os poços onde estão os pintados passam sempre por
cima do local com as iscas que atingem facilmente o corpo dos pintados os
fisgando por qualquer parte do corpo e assim usam este pretexto para dizer que
o pintado de alguma forma atacou a isca, pratica antiesportiva que prende o
peixe sem que ele esteja comendo de verdade, fica ai a resalva para que
pescadores não sejam enganados por guias de pesca que inventam de tudo para
pegar peixes só para dizer que o local é fácil de pegar os grandes pintados,
lembre-se sempre ! Fisgar um grande pintado
pela boca “ na raça” nunca será tarefa fácil em rio nenhum do mundo.
O pintado é um peixe extremamente forte e geralmente usa seu
peso e tamanho para se manter no fundo. Quando fisgado,certamente irá procurar
por galhadas no fundo para se livrar do anzol, por tanto é essencial que o
piloteiro procure manter o barco em águas mais rasas durante uma briga, um
peixe de médio a grande porte pode retirar mais de 30 metros de linha em uma só
arrancada e acompanhá-lo com o motor sempre o forçando a vir para o raso
aumentará significativamente as chances do embarque .
Ao embarcar um grande pintado , o pescador deve ter cuidado
redobrado, a melhor e mais eficiente forma de embarcar um pintado é sempre
deixa-lo bem cansado , quando estiver entregue a briga, pegar pelo rabo com uma
das mão e na cabeça passar a outra mão por debaixo do queijo apoiando o corpo
do peixe como se fosse abraça-lo, isso evita que a coluna dele seja danificada,
tomar muito cuidado com os esporões , pois os mesmos são muito afiados e possuem uma toxina
extremamente dolorida, alem se possuírem um serrilhado que não permitem a sua
retirada com facilidade da pele, a boca do pintado praticamente não é perigosa
podendo apenas causar pequenas escoriações na pele pelos minúsculos dentes em
forma de lixa, fato que qualquer luva dará total segurança.
Ao efetuar a soltura, colocar levemente o peixe de volta na
água com cuidado, e deixar ele por uns minutos antes de liberar totalmente para
que se recomponha e tenha boas chances
de sobreviver.
Os grandes pintados estão desaparecendo dos nossos rios, e
cabe a nós a proteger este inconfundível Titã , forte e valente e ao mesmo
tempo tão vulnerável ao consumo excessivo e falta de consciência por parte de
muitas pessoas, digo sempre que uma bela fotografia vale mais que uma lembrança
morta de um peixe que lutou tanto para chegar aos seus 20, 30 ou mais kg.
Então fica a dica ai pessoal, proteger para ter amanha.
Todo bom pescador tem consciência dos limites dos peixes e
respeita as medidas e quantidades máximas para captura e bate, o ideal é que
nunca se mate mais que apenas só o exemplar que for comer, fazendo isso teremos
peixes em abundancia por muito tempo.
Luiz Emerson de Sousa.